sábado, 18 de setembro de 2010

Super-heróis sem capa e espada




Durante a infância e parte da adolescência, é comum as pessoas se identificarem com os super-heróis de séries de TV ou grandes produções do cinema. Com capa, espada, armaduras, além de muitos outros acessórios e poderes especiais, personagens como Jaspion, os Power Rangers, Batman, Chapolin Colorado, Homem-Aranha ou Super Homem marcaram diversas gerações por estarem sempre dispostos a evitar que os vilões concretizem seus planos maléficos.
É verdade que, em alguns casos, o protagonista em questão é um anti-herói, caçoando do estereótipo “poço de bondade” idealizado pelos roteiristas para esse tipo de personagem. Exemplo típico dessa afirmação é o ogro Shrek, da DreamWorks, que embora tenha vivido seu auge nos dois primeiros longas da série, ainda é muito querido pelo público.
Depois de toda essa introdução, chegamos ao ponto chave desse texto: será que super-heróis são frutos apenas da imaginação de um seleto grupo de pessoas criativas – algumas nem tanto assim, eu sei – que trabalham na indústria do entretenimento? Não, eu lhes diria com convicção. Eles existem, embora seja mais difícil reconhecê-los, pois os super-heróis da vida real não usam capa e espada, tampouco possuem poderes especiais.
Desnecessário dizer que o primeiro exemplo vem de casa. Dessa forma, nada mais justo fazer uma homenagem especial aos pais, cuja identificação pode surgir da admiração que o filho sente pela competência, responsabilidade e dedicação com que eles exercem sua profissão ou se dedicam a um hobby. Não fossem por esses motivos, não dá para esquecer o cara que nos leva pela primeira vez a um estádio de futebol ou nos ensina a andar de bicicleta.
Ao lado deles, vale lembrar, estão super-heroínas para as quais seremos sempre crianças, independente da idade que temos. Poderiam ser chamadas de anjos, mas Deus encontrou um sinônimo para essa pessoa tão especial: mães, que sempre nos protegem e nos acolhem incondicionalmente. Mas o nosso universo social é muito mais amplo que o familiar. Nesse momento, o leitor pode estar se perguntando: onde estarão os outros? Como identificá-los?
Apesar de parecer complexa, a resposta para estas perguntas é bem simples: eles estão espalhados por todos os cantos e, muitas vezes, passam pelas nossas vidas sem a gente perceber. Heróis são todos aqueles que dão bons exemplos ou que ajudam aos outros sem esperar nada em troca. Assim, podemos considerar herói o catador de recicláveis, pai de oito filhos, que sustenta a sua família com apenas R$ 150 mensais e, mesmo diante das dificuldades, nunca cometeu nenhum ato ilícito. Ou ainda a jovem grávida, abandonada pela família, que reencontrou num projeto social forças para recomeçar.
Há também o sobrevivente de um grave acidente, que luta com todas as forças para realizar seus sonhos. Algumas dessas pessoas eu já tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Outras são retratos de situações que vemos corriqueiramente nos jornais. Isso só reforça a ideia de que muitas vezes reclamamos sem motivos: se olharmos bem atentamente ao nosso redor, veremos o quanto nossos problemas são pequenos.
Por fim, não posso encerrar esse texto, sem fazer menção a um grupo em especial: aquelas pessoas que nos conhecem apenas com um olhar, preocupam-se com o nosso bem estar, nos dizem algumas verdades de vez em quando, alegram-se com a nossa felicidade – fazem qualquer coisa para nos ver sorrir – e estão ao nosso lado nos momentos mais difíceis. Embora possuam muitos nomes, é mais simples chamá-las apenas de “amigos”. Valorize-os!

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(*) Este texto foi especialmente escrito para a coluna "Lições" e publicado originalmente na edição de agosto de REVISTA REGIONAL.

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